Câncer de Próstata e a expectativa de vida
- On 20 de fevereiro de 2019
Quando iremos morrer? Essa é sempre uma pergunta muito difícil de se responder. Quem trabalha com câncer, em especial o câncer de próstata, invariavelmente vai ter que refletir um pouco sobre o tema: Câncer de próstata e a expectativa de vida
Sabemos que o câncer de próstata, por sua natureza, é um tumor indolente na maioria dos casos. É um tumor que, quando diagnosticado em fase inicial, normalmente poderá trazer sintomas somente muitos anos depois. Outra característica é que trata-se de um câncer que dificilmente acomete homens abaixo dos 45 anos e que está associado quase que invariavelmente à terceira idade. Desta forma, muitas vezes fica a pergunta:
Devo tratar ou devo postergar o tratamento, tendo em vista a expectativa de vida do paciente?
É claro que a certeza da morte ou da vida é impossível, mas existem, sim, muitos preditores e nomogramas internacionalmente aceitos para se calcular uma estimativa de anos que a pessoa poderá viver. Esses nomogramas levam em consideração as características do paciente e também as características do câncer. Desta forma, é possível se chegar a uma probabilidade do risco de morte pelo câncer de próstata e por outras causas não relacionadas diretamente com a doença.
Alguns dos fatores associados ao paciente que podem reduzir a expectativa de vida:
- idade avançada;
- histórico de doença cardiovascular (AVC, infarto);
- histórico de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC, asma, bronquite);
- tabagismo;
- hipertensão arterial;
- diabetes;
- aumento do colesterol.
Fatores associados à doença:
- estadiamento no toque retal;
- presença de linfonodos positivos;
- nível de PSA;
- grau histológico;
- percentual dos fragmentos acometidos na biópsia;
- tipo histológico.
Ao se deparar com o diagnóstico de câncer de próstata, é fundamental esse entendimento. A forma de se abordar a doença em um homem de 80 anos certamente deve ser diferente se o diagnóstico for em um homem de 60.
Se a expectativa de vida tende a ser menor que cinco anos, a tendência é de não realizar nenhum tipo de tratamento, a menos que as características biológicas do tumor indiquem elevado grau de agressividade com potencial risco de complicações em um curto espaço de tempo.
Homens com expectativa de vida superior a dez anos tendem a ser o alvo de tratamento, especialmente nos casos em que o tumor possui características de alta ou moderada agressividade. Pacientes com tumores de muito baixo risco ou baixo risco tendem a ser acompanhados clinicamente, na maioria da vezes, sem nenhuma intervenção com intenção de cura, a menos que o cenário clínico do paciente se modifique.
Já existem disponíveis inúmeras ferramentas clínicas para o melhor entendimento do comportamento biológico do tumor, tais como:
- ressonância nuclear magnética;
- tomografia computadorizada com ou sem PET-PSMA;
- testes moleculares;
- dosagem do PSA;
- cintilografia óssea;
- biópsias guiadas por fusão com ressonância;
- nomogramas validados internacionalmente.
O principal foco no tratamento do paciente com câncer de próstata é evitar a morte relacionada diretamente com a doença e evitar complicações associadas ao crescimento do tumor na pelve ou das metástases, que geralmente são ósseas e podem causar dor incapacitante. Também é igualmente importante evitar tratamentos desnecessários que possam prejudicar a qualidade de vida, em especial prejuízo a função sexual e urinária.
Sou o Dr. Paulo Salustiano, urologista no Rio de Janeiro, e atendo na Rua Visconde de Pirajá, nº 82. Marque sua consulta através dos telefones: (21) 2247-2232 / 2523-0769 / 98826-2616 e tire todas as suas dúvidas acerca desse e outros assuntos.
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